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"Cada pessoa deve escolher quanta verdade deseja suportar" (Nietzsche)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Desenho Infantil






Desenho Infantil

Destingue-se 5 estágios:
1- Garatujasimples riscos ainda desprovidos de controlo motor, a criança ignora os limites do papel e mexa todo o corpo para desenhar, avançando os traçados pelas paredes e chão.
2 - Realismo fortuitopõe fim ao período chamado rabisco. A criança que começou por traçar signos sem desejo de representação descobre por acaso uma analogia com um objecto e passa a nomear seu desenho.
3- Realismo fralhado: descoberta da identidade forma-objecto, a criança procura reproduzir esta forma, onde a crinaça vai modificando a sua intenção inicial à medida que vai desenhando.
4- Realismo intelectual: caracteriza-se pelo facto de tudo ter que ter o máximo rigor possível, em que a criança desenha do objecto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe.
5- Realismo visualcresce o empobrecimento, desenha o que vê.
Influencias do desenho na criança, por Luquet
  • Caracteriza a sua relação com os outros
  • Contem características dos objectos
  • Tentativa de colocar todas as características do objecto gerando uma desordem espacial
  • Influência cultural
  • Existência de uma tendência natural e voluntária da criança para o realismo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Histórias em Quadrinhos e sua Importância



1. A leitura oral dos quadrinhos
Se pedíssemos a uma criança que não sabe lê para descrever a revista em quadrinhos o que ela provavelmente nos diria?
O que tenho diante de mim, afinal, é apenas papel e tinta e nem ao menos disso me apercebo de imediato. O que primeiro vejo são as cores fortes, borrões brancos, contornos em preto. Sigo olhando: os contornos pretos formam quadros de tamanhos regulares, mas não exatamente iguais. Servem como moldura para figuras contornadas em preto e preenchidas com cores (poucas e recorrentes, em contraste, com o fundo brilhante variável). As tais figuras são traçadas de forma bem simples, com grande economia de traços.
Ao realizar esse tipo de leitura o aluno está realizando uma leitura de mundo, descrevendo e esternando aquilo que consegue vê. Quando uma criança ler uma história em quadrinhos, se tenho interesse em compreender a história e não apenas admirar cada quadro, há um certo limite de tempo de observação a ser respeitado, o tempo de leitura nos quadrinhos será avaliado da seguinte maneira:
Pode se organizar psicologicamente em função de um dado agrupamento d e imagens (os blocos, enfim) ou mesmo de um agrupamento de cores ( igualmente, agenciadoras de blocos). Os quadrinhos, por uma exigência semiótica, impõem uma leitura dinâmica e simultânea (Cirne, 2000: 150, grifos no original).
1.2 Tipos de leitura que podem ser realizadas com a revista em quadrinhos
Por leitura se entende toda manifestação lingüística que uma pessoa realiza para recuperar um pensamento formulado por outra e colocado em forma de escrita.
Uma leitura pode ser ouvida, vista ou falada. Um texto escrito pode ser decifrado e decodificado por alguém que traduz o escrito numa realização de fala. Esse tipo de leitura ocorre mais comumente nos primeiros anos de escola, no trabalho de certos profissionais, e em raras situações para a maioria das pessoas. Em geral não lemos em voz alta, fora da escola. E, quando algumas pessoas são solicitadas a ler, envergonham-se, dão desculpas dizendo que não sabem ler direito etc. Isso porque a leitura oral, falada, é vista, em geral, devido aos preconceitos lingüísticos da sociedade, como devendo ser a realização plena do dialeto-padrão no seu nível mais formal. Essa expectativa, associada ao fato de as pessoas saberem que em sua fala e leitura particular dizem as palavras com características dialetais que são mal vistas pelo dialeto-padrão, as inibem ao lerem, não porque não saibam ler, mas porque têm vergonha do próprio dialeto, um preconceito que a escola nunca desfaz, ao contrário, sempre incentivou.
A leitura oral é feita não somente por que lê, mas pode ser dirigida a outras pessoas, que também “lêem” o texto ouvindo-o. Os primeiros contatos das crianças com a leitura ocorrem desse modo. Os adultos lêem histórias para elas.
Uma criança que é muito exposta a essas manifestações tem grandes vantagens na escola sobre aquelas crianças que não têm a mesma chance na vida. Ouvir uma leitura equivale a ler com os olhos, a única diferença reside no canal pelo qual a leitura é conduzida do texto ao cérebro. Na nossa sociedade há muito preconceito com relação a isso.
A nossa cultura durante muito tempo se constituiu de livros escritos e da leitura silenciosa visual (consideradas por alguns a verdadeira leitura), preservando-se através deles. Poucas instituições, como os conventos, conservam deste tempos remotos o hábito da leitura pública, em que um leitor lê para a comunidade.
Hoje, até as poesias são lidas na solidão de cada um, e ninguém estranha que uma forma lingüística que nasceu para ser ouvida, por suas características rítmicas e melódicas, não seja mais usada em sua plenitude. É quase como um músico que “lê” uma partitura e imagina a música. Ler uma peça de teatro não é o mesmo que vê-la encenada. São dois tipos diferentes de leitura. Nem sempre a leitura visual silenciosa é a mais adequada para certos textos, que foram feitos com a interação de serem lidos oralmente ou ouvidos.
No entanto, não há dúvidas de que a leitura visual silenciosa é muito mais comum entre as pessoas. Sua importância para a vida da maioria delas é muito maior que a dos outros tipos de leitura. A leitura visual tem grandes vantagens sobre os outros tipos de leitura. Não só não inibe o leitor por questões lingüísticas, como permite ainda uma velocidade de leitura maior, podendo ele parar onde quiser e recuperar passagens já lidas, o que a leitura oral de um texto não costuma permitir. Daí a conclusão de algumas pessoas de que a leitura silenciosa favorece mais a reflexão sobre o texto.
Com relação a isso, gostaria de dizer  que ouvir uma leitura também favorece muito a reflexão; tanto é que nos conventos até hoje se fazem meditações dessa maneira. Acontece que na escola se ensina mais comumente aos alunos o uso da leitura visual silenciosa, individual para a reflexão, que o da leitura oral pública. Muitas dessas afirmações que se tornaram proverbiais na Educação são mais fruto de uma prática e de um treinamento específico do uma verdade em si. Lembro-me de que, quando era criança, muitas pessoas diziam que o cinema iria acabar com a reflexão na leitura, que a televisão iria criar uma geração vazia mentalmente porque não se leria como antes. Encarava-se o simples acompanhar das imagens na tela como um processo de esvaziamento, quando na verdade era um processo muito mais rico de informações para a criança.
A imagem e a letra sempre estiveram em guerra. As letras dominaram o mundo durante muitos séculos, mas tenho a impressão de que a imagem tem ganho as últimas batalhas e a hegemonia das letras está de certa forma comprometida. A imagem e a letra têm características próprias, com vantagens e desvantagens para os textos que produzem.
A escrita, sem a imagem, permite que o leitor imagine e crie um mundo fantástico, próprio para si, onde as personagens ganham as formas que ele deseja e sente. Um outro leitor, a partir da mesma leitura, criará um outro mundo. Certamente haverá muita coisa em comum, mas a criação individual, nesse caso, tem um papel decisivo.
Por outro lado, as imagens em movimento reservam emoções que o texto escrito expressa muito mais fracamente. O ideal seria poder manter a experiência da leitura dos textos escritos e a experiência da leitura das imagens dos filmes e da televisão.
A leitura oral, falada ou ouvida, processa-se foneticamente de maneira semelhante á percepção auditiva da fala. A leitura visual, falada ou silenciosa, além de pôr em funcionamento o mesmo mecanismo de percepção auditiva da fala para a decodificação do texto, precisa pôr em ação os mecanismos de decifração da escrita. Não existe leitura sem decifração da escrita. Se eu escrever com caracteres japoneses, gregos ou cirílicos, não será possível alguém ler o texto que o leitor se não for capaz de decifrar a escrita. Pode ser até um texto que o leitor sabe de cor, como uma cantiga de roda, mas, porque não consegue decifrar a escrita, não é nem capaz de desconfiar de que trata aquela grafia estranha. Ema criança que começa a ler encontra dificuldade semelhante.
Ler é fácil para quem sabe e, nesse primeiro passo da leitura, a facilidade ou dificuldade do texto se torna irrelevante com relação á dificuldade especifica de decifração propriamente dita da escrita. Casa não é uma palavra fácil de ler só porque é de uso comum na fala da pessoa.
Depois de decifrada, pode ser de fácil compreensão. É de fácil leitura para quem sabe ler e avalia a dificuldade de leitura somente pela compreensão do texto. Uma criança que vai aprender a ler traz um problema anterior, que é dominar as estratégias de decifração. Para ela isso é o difícil. Se ela conseguir decifrar, compreender o significado de casa é banal, porque ela é falante nativa dessa língua e a palavra lhe é muito familiar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUMONT,Jacques. A imagem. Campinas: Papirus, 1993.
BENJAMIN, Walter, O Narrador In: Os Pensadores; São Paulo: Abril Cultural, 1980.
BARTHES, Roland. A câmara clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG,1998.
CANCLINI. Nestor Garcia. Culturas hibridas – Estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Editora da USP, 2000.
CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote de la Mancha. São Paulo: Editora Nova Cultura, 2003.
CIRNE, Moacy. Para ler os quadrinhos – Da narrativa cinematográfica á narrativa quadrinizada. Petrópolis: Vozes, 1975.
_________. Vanguarda: um projeto semiológico. Petrópolis: Vozes, 1975.
________. História e critica dos quadrinhos brasileiros. Rio de Janeiro: Europa/FUNARTE, 1990.
_________. Quadrinhos, paixão e sedução. Petrópolis: Vozes, 2000.
DOBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Campinas: Papirus, 1993.
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2000.
FERNANDES, Anchieta. Literatura & quadrinho (do verbal ao iconográfico). In: Revista Vozes número 6, Petrópolis, 1976.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
GAGNEBIN, Jeanne-Marie. Walter Benjamin. São Paulo: Brasiliense, 1993.  
KATZ, Samuel Chaim etal. Quadrinhos e ideologia. Revista de Cultura Vozes, n.7. Petrópolis: Vozes, 1973.
LIMA, Luiz Costa (org.) Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra. 2000.
McCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: Makron Books, 1995.
MOYA, Álvaro de. História da história em quadrinhos. São Paulo: Brasiliense, 1996.
PEIRCE, Charles S. Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000
SANTAELLA, Lucia, Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
SILVA, Tomaz Tadeu da (org). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
APIVAK, Gayatri C. Can the Subaltern Speak? In: Bill Ashcroft et alli. The Post-Colonial Studies Reader. Londres: Routledge, 1997;
YÚDICE, George. Debates atuais em torno aos estudos culturais nos Estados Unidos. Artigo apresentado na ANPOLL, Grupo de Trabalho de Literatura Comparada, UFBA, 1997.
(Artigonal SC #1131528)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Etapas gráficas


Etapas gráficas



    Vários estudiosos observaram e procuraram identificar e descrever as etapas gráficas do desenvolvimento do desenho, entre os mais conhecidos estão Luquet, Piaget e Lowenfeld.
    Luquet, por exemplo, dividiu as etapas gráficas em Realismo Fortuito, Realismo Falhado e Realismo intelectual e realismo visual.
no Realismo Fortuito, a criança começa a fazer traços sem qualquer objetivo (não há intenção para uma representação gráfica), mesmo sabendo que os traços realizados por outrem podem querer determinar um objeto determinado e representa-lo efetivamente, a criança não considera a idéia de também possuir a mesma habilidade.É nesta fase também que podemos identificar as famosas "garatujas", e de acordo com as definições de Piaget, este é o período sensório-motor.

    A princípio, para a criança, o desenho não é um traçado executado para fazer uma imagem mas um traçado executado simplesmente para fazer linhas. (Luquet, 1969 pg.145)
    Em certo ponto, a criança produzirá mesmo acidentalmente uma parecença não procurada. A partir daí ela passará por uma série de transições até adquirir a totalidade das faculdades gráficas (intenção, execução e a interpretação correspondente à intenção) chegando consequentemente ao realismo intencional.

desenho feito por V. ( 3 anos)

    A Segunda Fase descrita por Luquet é o Realismo Falhado; quando a criança chega ao desenho propriamente dito, quer ser realista mas a sua intenção choca-se com obstáculos gráficos e psíquicos, que dificultam a sua manifestação. São exemplos de obstáculos a incapacidade para dirigir seus movimentos gráficos, o caráter limitado e descontínuo da atenção infantil e principalmente a incapacidade sintética – quando a criança não chega a sintetizar num conjunto coerente os diferentes pormenores que desenha com a preocupação exclusiva de os representar cada um por si.

    A terceira fase, é a do realismo intelectual, onde a criança pretende deliberadamente reproduzir do objeto representado não só o que se pode ver mas tudo o que ali existe e dar a cada um dos elementos a sua forma exemplar.

              
 (desenhos de V. com 8 anos) "mamâe que joga capoeira"                                                "mamãe lutando e ouvindo a torcida"

Desenho de V. com 8 anos " colorado indo para o Japão"

       Enfim, aos quatro anos, a criança chega ao realismo visual cuja principal manifestação é a submissão mais ou menos infeliz na execução à perspectiva. (Luquet, Pg.212)
    De acordo com Piaget, é neste ponto que a criança se encontra no estágio pré-esquemático, que inicia-se por volta dos 4 anos e se estende até os 7 anos mais ou menos. Após esta fase a criança com idade entre 7 e 9 anos entra no estágio esquemático, e após os 9 anos passa para o estágio do realismo nascente, vale ressaltar que estes estágios compreendidos entre os 7 e 11 anos estão dentro do período das operações concretas.

    É claro que estes estágios não são estáticos, imutáveis, existem crianças que pulam alguns estágios de desenvolvimento, e existe crianças que param de se desenvolver devido a vários fatores que influenciam em sua vida, como família, situação social e econômica,disturbios psicológicos e gosto particular.





POR QUE PARAMOS DE DESENHAR ????????

 


    A medida que a criança cresce, desenvolve seu espírito crítico em relação aos seus trabalhos. Muitas vezes essa consciência crítica supera seu desejo de expressar-se criativamente; principalmente nos casos em que a criança passa com rapidez da infância para a adolescência em um prazo demasiado curto, não podendo ajustar-se com suficiente brevidade à sua nova consciência crítica e ficando assim, insatisfeita com suas realizações. Acha tudo “infantil e mal feito”.


  Quando isto sucede com muita frequência e nada se faz para remediar, a criança perde interesse pela arte e suspende completamente, as suas atividades artísticas. Já não pode desenhar coisa alguma, porque devido à sua repentina “tomada de consciência” crítica passa a perceber a pobreza dos seus meios infantis de expressão. Seus desenhos lhe parecem até ridículos, da mesma maneira como certos folguedos infantis, por exemplo, o “esconde-esconde”, lhe parecem indignos da sua atual “maturidade”.(Lowenfeld, 203).

    Também Luquet exemplifica como se dá o abandono da criança pela atividade do desenho. Conforme sua teoria, esse desinteresse é produzido na idade em que a criança chega à concepção do realismo visual – com a sua conseqüência fundamental: a perspectiva; os desenhos que executava anteriormente de acordo com o realismo intelectual já não satisfazem o seu espírito crítico desenvolvido, e sente-se incapaz de fazer desenhos como quereria fazer.

    Porém Luquet em sua obra “O Desenho Infantil”, além de exemplificar como se dá o abandono do interesse do ato de desenhar pela criança, também propõe sugestões de como evitar esse abandono. Conforme Luquet, o ensino do desenho deve visar não a acelerar artificialmente a evolução espontânea do desenho, a fazer desenhar em realismo visual quando a criança ainda quer desenhar em realismo intelectual, mas por a criança em estado de desenhar convenientemente em realismo visual quando tenha esta intenção.


    Isso deve ser feito preferencialmente ensinando os principais efeitos da perspectiva, mostrando-lhes fatos em objetos de seu quotidiano e exercitando o desenho tanto quanto possível ao natural.


    Mas para Luquet, a principal atitude do educador deve ser a de “apagar-se”, deixar a criança desenhar o que quer, propondo-lhe temas sempre que ela necessite e sobretudo quando lhe pede, fazendo sempre com que estas sugestões não soem como imposições e sobretudo DEIXÁ-LA DESENHAR COMO QUER, A SEU MODO.

desenho feito por um jovem em uma aula de histórias em quadrinhos.